terça-feira, 19 de julho de 2011

Palavras muito sérias!

Isto foi tirado do Tribunal de contas..........
Será por estas e outras que tais que nos estão a obrigar a apertar o cinto?????????

AQUI VOS DEIXO ALGUNS EXEMPLOS DE DÚVIDAS QUE O TRIBUNAL DE CONTAS ENCONTROU NAS DESPESAS PÚBLICAS... POR FAVOR, NÃO DEIXEM DE LER!!!

1.    ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE SAÚDE DO ALENTEJO, I. P.
- Aquisição de 1 armário persiana; 2 mesas de computador; 3 cadeiras c/rodízios, braços e costas altas: 97.560,00€
Eu não sei a quanto está o metro cúbico de material de escritório mas ou estes armários/mesas/cadeiras são de ouro sólido ou então não estou a ver onde é que 6 peças de mobiliário de escritório custam quase 100 000€.
Alguém me elucida sobre esta questão?

2.    MATOSINHOS HABIT - MH
- Reparação de porta de entrada do edifício: 142.320,00 €
Alguém sabe de que é feita esta porta que custa mais do que uma casa?

3.    UNIVERSIDADE DO ALGARVE - ESC. SUP. TECNOLOGIA - PROJECTO TEMPUS
- Viagem aérea Faro/Zagreb e regresso a Faro, para 1 pessoa no período de 3 a 6 de Dezembro de 2008: 33.745,00 €
Segundo o site da TAP a viagem mais cara que se encontra entre Faro-Zagreb-Faro em classe executiva é de cerca de 1700€. Dá uma pequena diferença de 32 000 €. Como é que é possível???

4.    MUNICÍPIO DE LAGOA
- 6 Kit de mala Piaggio Fly para as motorizadas do sector de águas: 106.596,00 €
Pelo vistos fazer um "Pimp My Ride" nas motorizadas do Município de Lagoa fica carote!!!

5.    MUNICÍPIO DE ÍLHAVO
- Fornecimento de 3 Computadores, 1 impressora de talões, 9 phones, 2 leitores ópticos: 380.666,00 €
Estes computadores devem ser mesmo especiais para terem custado cerca de 100 000€ cada....Já para não falar nos restantes acessórios.

6.    MUNICÍPIO DE LAGOA
- Aquisição de fardamento para a fiscalização municipal: 391.970,00€
Eu não sei o que a Polícia Municipal de Lagoa veste, mas pelos vistos deve ser Haute-Couture.

 7.    CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES
- VINHO TINTO E BRANCO: 652.300,00 €
Alguém me explica porque é que a Câmara Municipal de Loures precisa de mais de meio milhão de Euros em Vinho Tinto e Branco????

8.    MUNICÍPIO DE VALE DE CAMBRA
- AQUISIÇÃO DE VIATURA LIGEIRO DE MERCADORIAS: 1.236.000,00 €
Neste contrato ficamos a saber que uma viatura ligeira de mercadorias da Renault custa cerca de 1 milhão de Euros. Impressionante...

9.    CÂMARA MUNICIPAL DE SINES
- Aluguer de tenda para inauguração do Museu do Castelo de Sines: 1.236.500,00 €
É interessante perceber que uma tenda custa mais ou menos o mesmo que um ligeiro de mercadorias da Renault e muito mais que uma boa casa... E eu que estava a ser tão injusto com o município de Vale de Cambra...

10.  MUNICÍPIO DE VALE DE CAMBRA
- AQUISIÇÃO DE VIATURA DE 16 LUGARES PARA TRANSPORTE DE CRIANÇAS: 2.922.000,00 €
E mais uma pérola do Município de Vale de Cambra: uma viatura de 16 lugares para transportar crianças custa cerca de 3 milhões de Euros. Upsss, outra vez o município de Vale de Cambra...

11.  MUNICÍPIO DE BEJA
- Fornecimento de 1 fotocopiadora, "Multi-funcional do tipo IRC3080I", para a Divisão de Obras Municipais: 6.572.983,00 €
Este contrato público é um dos mais vergonhosos que se encontra neste site. Uma fotocopiadora que custa normalmente 7,698.42€ foi comprada por mais de 6,5 milhões de Euros. E ninguém vai preso por porcarias como esta?

(Maria Olga enviou-me por e-mail. Obrigado)

sábado, 9 de julho de 2011

Tributo à família Szabo

O FC Porto de Joseph Szabo 



Recuemos aos anos 30 e à primeira edição do campeonato nacional de futebol. Nessa altura, o FC Porto era orientado pelo conceituado Joseph Szabo. O treinador húngaro chegou ao Porto no início da década de 30, vindo do Marítimo, e trouxe consigo o melhor jogador português de então, Pinga (em baixo, na foto). 



Inicialmente, Szabo começou por ser treinador-jogador. Foi nessa condição que conquistou o campeonato de Portugal (competição que antecedeu a Taça de Portugal) de 1931/32 (vitória do FC Porto sobre o Belenenses, por 2-1, na Finalíssima disputada em Coimbra).
O treinador húngaro havia sido jogador do histórico Ferencvaros (Hungria) e chegou ao nosso país com fama de técnico disciplinador e exigente (tal como outro treinador que orientou o FC Porto na década de 50, o brasileiro Dorival Yustrich). No entanto, ao carácter autoritário também juntava um perfil competente e ganhador. É da sua autoria uma velha máxima que privilegia a vertente física em prol da criatividade. «No futebol, o sucesso faz-se com 90% de transpiração e 10% de génio», afirmava o húngaro.
A passagem de Szabo pelo FC Porto ficou marcada pela conquista da 1ª edição do campeonato nacional, época 1934/35.

Nesse ano, o FC Porto tornou-se a primeira equipa portuguesa a vencer todos os jogos que disputou em casa (no Campo da Constituição) numa edição da Liga. Esse campeonato foi uma luta «ombro-a-ombro» até à última jornada, que ficou marcada por um escaldante Sporting-FC Porto. Ao FC Porto bastava-lhe um empate para ser campeão. No entanto, uns dias antes do jogo, Pinga adoeceu e foi dado como inapto para o decisivo encontro. Ainda assim, um empate (2-2) foi suficiente para garantir o 1º campeonato da história do FCP. O FC Porto terminaria a Liga com 2 pontos de avanço sobre o Sporting e 3 sobre o Benfica. Em Setembro de 1935, Szabo deslocou-se a Inglaterra para um estágio no Arsenal, de onde trouxe novos métodos de treino ainda mais exigentes que aqueles que habitualmente utilizava no FC Porto. Essa nova metodologia não agradou nada aos jogadores que, segundo relatos da época, eram obrigados a percorrer 7 quilómetros a pé, desde a Constituição até à Circunvalação. Além de ter incrementado a vertente física, Szabo também instituiu um esquema de multas, que aplicava consoante os atrasos aos treinos.
Apesar de ser muito respeitado, o treinador húngaro acabaria por entrar em conflito com a Direcção e com os jogadores, o que originou a sua demissão, em Fevereiro de 1936. Szabo justificou a sua decisão com a falta de apoio da Direcção. Segundo relatos da imprensa, até terá chegado a agredir um director por este lhe ter chamado maluco!
Quase 10 anos depois, em 1945, o treinador húngaro acabaria por regressar ao FC Porto, mas sem o sucesso que marcou a sua primeira passagem pelo clube.
Em cima, a ilustrar o 'post', recuperámos a equipa que venceu o 1º campeonato da história do FC Porto.

 

Em cima (da esquerda para a direita): Carneiro, Mota, Mesquita, Pinga, Carlos Nunes, Acácio Mesquita, Assis e Raúl;
Em baixo (da esquerda para a direita): Costa Santos, Faria, Avelino, Nova, Soares Reis, Álvaro, Carlos Pereira e Castro.



O Sporting CP de Joseph Szabo

 

O treinador com mais anos de Sporting de sempre 

É ainda hoje, o treinador com maior longevidade no comando técnico do Sporting Clube de Portugal, com um percurso de sete temporadas no comando dos leões. Nascido na Hungria no dia 11 de Maio de 1896, Joseph Szabo chegou a Portugal ainda jovem aqui fazendo carreira profissional e pessoal, acabando mesmo por se naturalizar, ficando carinhosamente conhecido por “José”.

A sua entrada para o Sporting deu-se na época de 1937/38, a última em que a principal prova do futebol português se designou por Campeonato de Portugal, garantido logo nesse ano o título para o clube de Alvalade. Até final da temporada de 43/44, José garantiu mais dois campeonatos nacionais para o clube leonino, e foi precisamente nesse ano de 1944 que conquistou o seu terceiro título verde e branco, abandonando Alvalade para regressar na época de 1953/54.

Aí o Sporting tinha como treinador principal Tavares da Silva e Szabo desempenhou o papel de treinador de campo. A dupla fez sucesso, conseguindo mais um campeonato, um título que fez história, pois foi único “tetra”, e ainda a Taça de Portugal.  

 Curiosidade

 
Joseph Szabo rodeado de craques numa das muitas equipas do Sporting que orientou

Szabo foi responsável pela “descoberta” de dois dos símbolos de futebol leonino; Peyroteo e Jesus Correia. Logo no seu primeiro treino pelo Sporting, Szabo mandou os jogadores darem três voltas ao jardim do Campo Grande em marcha forçada.
No final Peyroteo ressentiu-se e Szabo, depois dos restantes atletas abandonaram o treino, massajou as pernas do jogador com álcool.

A “descoberta” deu-se durante um treino da equipa de hóquei em patins do Paço D’Arcos Hockey Clube... orientada pelo próprio Szabo.

Joseph Szabo - "Resumindo e Concluindo"

Joseph nasceu numa aldeia de pescadores, Gonyu, situada à beira do Danúbio e tinha 4 anos quando a sua família se mudou para a cidade industrial de Gyor, onde se tornou torneiro mecânico e, simultaneamente, jogador de futebol na equipa local.
Com 20 anos, rumou a Budapeste onde, a troco de um emprego como operário numa fábrica de munições, passou a jogar na equipa do Ferencvaros. Era então um médio centro de grande qualidade e chegou rapidamente à Selecção do seu País, onde contabilizou 12 internacionalizações.
Em 1926, outro clube húngaro, o Szombathely, pediu ao Ferencvaros que lhes emprestasse Szabo temporariamente para reforçar a sua equipa durante uma digressão a Portugal, e foi nessa altura que os dirigentes do Nacional, impressionados com a qualidade do médio húngaro, o convidaram a ficar na Madeira. Szabo aceitou exigindo apenas duas passagens da Hungria para Portugal, de forma a ir buscar a sua futura esposa, a quem já tinha prometido casamento.
Na Madeira, onde também jogou no Marítimo, ficou até 1930, altura em que foi contratado pelo FC Porto como treinador-jogador, levando consigo Pinga, que se tornaria num dos melhores jogadores portugueses da época e numa figura histórica dos portistas.
Ao serviço do FC Porto ganhou vários campeonatos regionais, um Campeonato de Portugal e o primeiro Campeonato da 1ª Liga, disputado na temporada de 1934/35, impressionando pela sua dedicação total ao trabalho e evidenciando os primeiros sinais de uma obcecação pela disciplina, que foi crescendo ao longo dos anos e que contribuiu para que se tornasse num treinador muito respeitado, mas também às vezes contestado.
Em Setembro de 1935 Szabo foi estagiar a Inglaterra no Arsenal de Londres, de onde trouxe uma metodologia de treino ainda mais exigente, mas que não agradou muito aos jogadores, pouco habituados ao trabalho na vertente física. Em Fevereiro de 1936 o treinador húngaro demitiu-se, queixando-se de falta de apoio da Direcção e, conta-se, até terá agredido um director por este o ter chamado maluco.
Rumou então ao Sp. Braga onde, segundo reza a lenda, foi ele que convenceu os bracarenses a adoptar equipamento igual ao do Arsenal, em substituição do verde e branco bipartido até aí utilizado.
Um ano depois já se preparava uma Assembleia Geral para autorizar o regresso de Szabo ao Porto, onde tinha deixado saudades, quando Joaquim Oliveira Duarte se antecipou e ofereceu-lhe um contrato excepcional, que foi anunciado no dia 27 de Fevereiro de1937, com a novidade de prever prémios de jogo. E em boa hora o trouxe para o Sporting.

Na sua cadeirinha talismã

 
Iniciava-se assim o mais longo e vitorioso consulado de um treinador no Sporting: em 8 anos Joseph Szabo ganhou seis Campeonatos de Lisboa, dois Campeonatos Nacionais, um Campeonato de Portugal, uma Taça de Portugal e A Taça Império.
Nessa altura Szabo construiu a grande equipa que antecedeu aquela que ficou conhecida como a dos Cinco Violinos, lançando as primeiras sementes e contribuindo para a ascensão de grandes jogadores, com destaque especial para Peyroteo que lapidou, tornando-o no melhor jogador português, e Jesus Correia, que descobriu em Paço de Arcos.
No Sporting Joseph Szabo treinava todas as equipas, desde os principiantes até à primeira categoria. Ministrava a preparação física, orientava os treinos de conjunto, dava longas lições de táctica utilizando os seus famosos "mónecos" e até era massagista, passando assim o dia inteiro nas instalações do Clube onde, apesar do seu feitio autoritário, era muito querido e respeitado por todos, mesmo que por vezes brincassem com ele, principalmente por causa das suas reacções num português carregado de sotaque e misturado com alguns palavrões, que maldosamente lhe tinham ensinado.
Mestre Szabo, como já era conhecido na altura, deixou o Sporting no dia 1 de Abril de 1945 depois da equipa ter terminado o campeonato em 2º lugar. O treinador húngaro também tinha alguns "inimigos" no Sporting e já havia sido contestado na época de 1939/40. Na altura valeram-lhe os fortes apoios de Joaquim Oliveira Duarte e Peyroteo que já era a grande figura da equipa, mas agora já não tinha a protecção do "seu" Presidente e foi mesmo substituído por Joaquim Ferreira, que levou o Sporting à conquista da Taça de Portugal que encerrava a época.
Szabo então faz o percurso inverso ao que o tinha trazido ao Sporting, regressando ao FC Porto com passagem por Braga, mas já sem o sucesso dos anos anteriores.
Começa a partir daí a fase descendente da sua carreira, com passagens por vários clubes do nosso País, interrompida por um regresso ao Sporting na temporada de 1953/54, agora como treinador de campo ao lado de Tavares da Silva, ganhando mais uma Taça de Portugal e o Campeonato Nacional que fechou o primeiro tetra da história do nosso futebol.
A carreira de Szabo terminaria em 1966 como Seleccionador de Angola. Curiosamente, ele que se naturalizara português, passando a ser o José Sezabo, perderia um filho na Guerra Colonial, Daniel. Também ele futebolista no Vianense e Sporting de Braga. Jogou também na Selecção Nacional Militar. Isto depois de ver o seu outro filho, Joseph Szabo Júnior, que chegou a ser guarda-redes das reservas do Sporting, ter sofrido a amputação da perna direita, logo abaixo do joelho, depois de um acidente de viação.


Consta que ainda terá trabalhado nas camadas jovens do Sporting, o Clube que mais amava, tendo terminado os seus dias, como era seu desejo, no Lar do Clube onde faleceu com 76 anos, a 17 de Março de 1973. 

Quero dedicar este trabalho de pesquisa aos familiares de Joseph Szabo e Joseph Szabo Júnior. Desde logo à Sra. Dª Maria Arminda Figueiredo, mãe de Ana Cristina Szabo (minha amiga de infância, na Foz do Douro, Porto), suas filhas Maria Inês, Rossana e Raquel Szabo. Jorge Vieira Szabo, seu irmão. Maria José Szabo Maia Pinto e Margarida Eduarda Szabo, suas irmãs e Susana Adão, sua sobrinha. E a todos os outros que ainda não tive o prazer de conhecer.